CPI da Câmara Municipal de SP é interrompida após vereador dizer frase racista no microfone

Partido além de repudiar o vereador também o expulsou da legenda

O vereador Camilo Cristófaro (PSB), que aparentemente falava no celular, teve sua voz captada pelo sistema de áudio do plenário e fez ecoar, para indignação de todos que estavam presentes na Casa, uma afirmação profundamente preconceituosa. O parlamentar afirmou que “lavar calçada é coisa de preto”. Isso gerou uma grande indignação também fora da câmara.

O presidente da CPI, que encaminhava tranquilamente a sessão dentro do local, Adilson Amadeu (União Brasil), ainda tentou fazer com que o episódio passasse batido, mas a vereadora Luana Alves (PSOL), que estava sentada ao seu lado, interviu fazendo protestos veementes e não permitiu que o áudio fosse desligado, conforme orientou Amadeu.

O vereador já deu duas versões para o episódio. Primeiro afirmou que estava se referindo à dificuldade de limpar carros de cor preta que estavam numa concessionária. Depois disse que brincava com um amigo negro. O partido do parlamentar anunciou sua expulsão da legenda. O PSB afirmou que repudia “veementemente qualquer declaração preconceituosa”, escreveram.

Depois do anúncio da expulsão, Cristófaro ainda não se pronunciou. Conforme o diretório municipal, em abril ele havia pedido para deixar a legenda, mas o episódio de racismo tornou sua filiação insustentável. Após a sessão, o parlamentar tentou se explicar em uma reunião do Colégio de Líderes da Casa. “Eu queria primeiro, se alguém se sentiu ofendido – e eu acho que deve se sentir – eu peço desculpa por um contexto que eu fiz com ele e que ele faz comigo”, afirmou o vereador, sem informar a quem se referia.

“É com uma indignação imensa que lamento mais uma denúncia de episódio racista dentro da Câmara de Vereadores de São Paulo, local democrático, livre e que acolhe a todos. Como negro e presidente da Câmara tenho lutado com todas as forças contra o racismo, crime que insiste em ser cometido dentro de uma Casa de Leis e fora dela também. O caso será apurado pela Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo”, afirmaram.

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