Marcelo D2 e a revolução artística contínua, trazendo inspirações culturais e a necessidade de se expressar politicamente

Marcelo D2: “se a luta é contra o sistema, irmão, eu dei minha cara a tapa”

Há cerca de 29 anos na música, Marcelo Maldonado Peixoto já vivenciou momentos distintos nesta cultura, tendo passado desde o regime militar até a atual pandemia da covid-19, como exemplo. Com base nestas duas exemplificações, conseguimos entender melhor como o mundo, ou melhor, as ruas inspiram a arte de D2. Devido à necessidade de estar reinventando-se e expressando suas opiniões diante dos acontecimentos sociais, Marcelo D2 alimenta sua criação musical.

Voltando ao começo do rapper, temos a banda Planet Hemp, marcada pela extrema contradição ao sistema, com atos e discursos polemicamente recebidos pela burguesia e os donos de maiores poderes, e também por defenderem altamente a legalização da maconha, que atualmente ainda é bastante problematizada, por conta do baixíssimo nível de debate que possuímos aqui no Brasil.

O Planet era muito perseguido pelo sistema, num raciocínio lógico e cruel, visto que, todos aqueles que o ameaçam, também estão colocando sua vida em risco. Como exemplo, temos Tupac Shakur, Martin Luther King, Marielle Franco, MALCOM X e etc. Diante disso, a banda, apesar de possuir pulso firme com suas convicções e crenças, teve que afastar-se da música e, então, cada um foi buscando a construção da carreira solo.

Marcelo D2, por sua vez, manteve seus fortes discursos e forma de rimar, mas, com o tempo e experiência adquirida, foi adentrando em novos espaços, culturas e gêneros, como o Samba, onde já conhecia importantes nomes (entre eles, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho e Bezerra da Silva), e resolveu renovar sua forma de fazer rap, que vem sendo lapidada até os dias de hoje e alvo de inspiração de muitos outros artistas, como o também rapper e conhecido seu, BK’, que é amigo próximo do seu filho Sain e já colaborou juntamente diversas vezes.

Abebe Bikila, mais explicitamente em seu até então último projeto lançado, Cidade do Pecado, destrincha algumas inspirações adquiridas de D2, buscando uma forma mais brasileira de fazer rap, deixando de lado o jeito saturado em que os pioneiros e principais lugares levam, já que possuímos cultura e materiais necessários para fazermos da nossa própria maneira.

Apesar de já ter sofrido extensivamente devido às suas letras colocando dedo na ferida do sistema, D2 é alvo de diversas críticas pela versatilidade de estar circulando entre diferentes assuntos e ritmos, mas que não o fazem apagar seu lado politizado. Por mais que não esteja o tempo todo relatando sobre as dificuldades enfrentadas e criticando o governo e burguesia, continua carregando estas características consigo.

Algumas semanas atrás, no festival Lollapaloza, Marcelo D2, junto aos seus companheiros do Planet Hemp, subiram ao palco para se apresentarem e aproveitaram para conscientizar o público politicamente, assunto que já é encontrado devastamente em suas letras, mas que precisa ser reforçado, pois, estamos vindo de longos anos sofrendo na mão de um genocida, e, novamente, temos a oportunidade de mudar isso neste ano.

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