Nova revelação da cena, rapper Burn-O fala sobre sua história, sonoridade e projetos futuros

Escrito por Vinicius Prado 10/08/2020 às 19:57

Foto: Divulgação

Se destacando na cena nos últimos tempos, Burn-O tem tudo para se tornar um dos grandes nomes da cena em breve.

Nascido em Curitiba/PR, Bruno Nascimento Salata, vulgo Burn-O, tem 25 anos e desde criança trazia consigo um ”ar de artista”. Já na infância, gostava de se apresentar para familiares com o que quer que fosse, e sua mãe conta que às vezes batia em um balde ou tocava um violão de brinquedo. Com o passar do tempo essa vontade de ”ser visto” foi desaparecendo e Burn-O acabou deixando de lado essas atividades, apesar de demonstrar habilidades incomuns com instrumentos para alguém da sua idade.

Aos 10 anos começou a fazer escolinha de futebol, esporte que praticou até os 13 e, como sempre buscou destacar-se, foi notado por olheiros e empresários que o inseriram em um time profissional, (Rodolatina, no município vizinho). Lá, Bruno acabou sofrendo uma contusão, e em meio a planos de jogar em Portugal, teve de abandonar o futebol, fato que hoje gosta de relembrar, pois foi o que teria permitido que enfim voltasse a acreditar no seu potencial para a música.

Uma curiosidade sobre o artista é que possui TDA (Transtorno do déficit de atenção), e mesmo tendo concluído o ensino médio nunca foi um “bom” aluno. Por outro lado, a música tem um papel importante: só ela o permite atingir o hiper foco, quando consegue 100% de concentração para produzir, o ajudando também a entender e respeitar o seu próprio tempo.

Bruno iniciou então sua carreira na música em 2016, quando um produtor local viu covers que ele fazia e quis chamá-lo pra produzir algum material. Os covers eram em inglês, impressionando pela dicção quase perfeita com a língua. Assim, suas quatro primeiras músicas além de autorais, foram todas em inglês. O trabalho com esse produtor não se firmou, mas Bruno já estava decidido a tornar-se músico. Apesar de relatar que não sabia muito bem o que fazer, começou a enxergar a possibilidade de ser seu próprio produtor.

Entre alguns meses de frustração e a vontade de desistir de produzir e seguir somente a carreira como cantor, resolveu assumir sua predisposição a um artista autodidata para resolver o problema com a falta de referências. Neste momento, passou a estudar conteúdos estrangeiros, o que o ajudou a adaptar e recriar coisas com mais facilidade. Deste modo também passou a ter experiência e preparação para a frequência de trabalhos que desenvolveria no futuro. Ainda assim, o artista conta que demorou a se sentir satisfeito com o resultado das produções, mas foi então que passou a entender que isso também é uma questão de tempo – e aí teve o ”insight” mais importante da sua vida: O mergulho na ideia de desenvolver coisas que ninguém pensaria ser possível, estudando diversos gêneros musicais e os misturando entre estilo/percussão/melodia.

Neste momento surge BURN-O. Do inglês, (to) burn significa queimar e assim, misturando seu nome com a ideia do fogo e jogando com essa figura de linguagem, o artista acredita que seja um nome que faz emergir sua vontade de dar luz às suas ideias, à sua vontade de recriar as coisas – como o fogo faz com a natureza. De toda forma, é normal que houvessem tentativas mal sucedidas, mas Burn-O não se abalou e logo coisas extraordinárias começaram a surgir, o ajudando a encontrar a si mesmo, sua identidade. Além disso, ao perceber a grandiosidade de suas produções e sentir a resposta do público, ao sentir o apoio que vem recebendo, Burn-O vem dedicando e empenhando-se cada vez mais.

Nesse caminho, uma de suas maiores inspirações é seu pai, que também teve uma trajetória artística. Em resumo, Burn-O conta que seu pai também tem facilidade com instrumentos de percussão e que, por cantar muito bem, chegou a atuar como cover oficial do Elvis na cidade há cerca de 15 anos. Na época seu pai tinha uma proximidade com o então prefeito, e ambos gostavam de sair de carro pelos bairros inclusive fazendo shows, cantando em eventos e igrejas. Em suas palavras:

“[…] Meu pai é o maior fã do Elvis que eu conheço! Ele sempre ouviu muita música boa; herdei meu senso crítico e musical dele, mas só pude perceber isso muito tempo depois. Acho que é uma questão de genética! E por conta dessa influência eu gosto muito de Bee Gees, Cyndi Lauper, Ray Charles, Bob Dylan, Carlos Santana, Michael Jackson e por aí vai, sabe?! Ser uma pessoa eclética vem me ajudando muito a ser o que sou”.

Depois de muitos erros e acertos, Burn-O desenvolveu a própria fórmula de misturar estilos, buscando não simplesmente “jogar” algo “em cima” de um beat, e possui vários projetos que provam sua essa autenticidade. Os exemplos mais práticos disso são os pagodes, sertanejos e também alguns exemplos de MPB e Funk que transformou em R&B, em Trap/Trapsoul, entre outros.

Burn-O vem trabalhando em diversos outros projetos inéditos em relação ao que vem sendo produzido no Brasil, sendo ideias totalmente autorais e que demandam certo tempo pra serem concretizadas. Seu próximo álbum tem grande potencial no cenário assim como uma de suas obras de maior sucesso até hoje: ”Roxo Escuro é Quentão” que, apesar de ter passado de 1 milhão de views, o garantiu um lugar de respeito entre artistas grandes e, claro, do seu público fiel – pois sabem que seu trabalho é único, fora da caixa.

Nesse processo o artista acredita que tenha conquistado muita maturidade e uma mente aberta à diferentes opiniões, mas valoriza boas conversas e trocas com pessoas entendem do assunto. Considerando-se portanto uma pessoa que atingiu um alto nível de produção, mesmo sem entender questões técnicas sobre notas e arranjos, Burn-O cria músicas e conteúdos que possam demonstrar suas características, que possam demonstrar que é um criador, buscando diversificar suas referências no intuito de revolucionar o mundo da música no Brasil e, quem sabe no mundo.

Confira “Saturno” de Burn-O abaixo.

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